Passei
grande parte da minha vida morando em uma pequena cidade do interior de São
Paulo chamada Santo Expedito. Minha infância foi marcada por brincadeiras e pela
criação de um universo próprio, cheio de aventuras e sonhos. Lá, tive a
oportunidade de estudar em uma escola que possuía uma grande biblioteca e que,
nos meus olhos infantis, parecia enorme. E na verdade era. Cada livro que lia
fazia com que meu mundo se expandisse um pouco mais. Lembro-me que gostava de
percorrer as estantes e ler os títulos dos livros, de folhear cada um, de
esticar os pés para tentar alcançar os que ficavam no alto das estantes e que
"eram para adultos", de correr pelo espaço a procura do livro ideal.
E foram muitos de lá para cá. Aprendi a ler e escrever por meio de cartilhas,
de textos copiados da lousa, de rodas de conversa, de ouvir e reproduzir
histórias. Aprendi a ler e escrever com a ajuda de meus pais, da tia Léa,
Marta, Valéria e com a própria vida. Ah, não posso me esquecer do meu tio
Severiano que aos domingos nos encantava com suas histórias – narrativas produzidas
a partir de suas vivências como viajante. Aprendi que ler e escrever alimenta minha alma,
aguça meus sentidos, me orienta e às vezes me desorienta, me faz sonhar e,
também, a enxergar a realidade com os pés no chão. Se pudesse me definir, diria
que parte de mim é o que li e escrevi; a outra é o que ainda pretendo
descobrir.
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